Por Iana Soares
Nunca fui a Nazaré do Mocajuba, no Pará, mas conheci Branca e seu reflexo florido, dançantes ao sabor dos ventos. Soube do Álvaro e de seus passarinhos. Descobri Dona Benedita e a sua força cabocla. Encontrei Seu Suzano e entendi sobre gentilezas. Quase comprei uma garrafa de vinho e estoquei, na imaginação de futuros encontros. Ontem, durante um Olhares Refletidos, projeto realizado pelo Instituto da Fotografia, fui atravessada por Alexandre Sequeira.
Foi um atravessamento nada sutil, mas profundamente simples, pois conversa com certas crenças e esperanças que carrego no peito, aprendidas e inventadas durante meus recém-completados 26 anos. Antes de desenhar qualquer linha agora escrita, só respirava gratidão. Por me fazer lembrar, por não me deixar esquecer e por me dar a certeza de que o mundo é mágico e só por isso pode ser mundo. Porque fomos livremente condenados à invenção, à fantasia. A conviver com o outro. A gente não se basta sozinho e isso é maravilhoso.
Ali, do meu silêncio tão cheio de dizeres, vi cada palavra dançar com a mulher do pé de manga, sob o ritmo criado por Seu Juquinha. Me inventei Rafael, a correr sob o olhar atento do fotógrafo. E, nessa hora, percebi outra vez que “ser fotógrafo” tem a ver com abraço. Com o carinho de cada clique. Com respeito. Com encantar-se com o outro, com tantos... que estão e estamos por aqui. Todo fotógrafo insiste nos sonhos. Insiste nas cartas, como Tayana e Jefferson. Insiste nas coisas simples, na força dos encontros.
Este breve post é só um agradecimento ao Alexandre, a quem esteve na noite de ontem e aos queridos que tenho por perto. Nos últimos dias, andei com o sorriso fechado pras delicadezas dos dias comuns. Às vezes a vista embaça. Hoje, sem perceber, amanheci florida como Dona Alice. Ontem me surpreendi e fui arrebatada pelo encontro. Fotografia, tal qual felicidade ou amor, se acha em horinhas de descuido.
[A atividade encerrou o 2012 do Ifoto e não podia ter sido um fechamento mais bonito. O prenúncio de um 2013 mágico, cheio do encantamento e da força que tem as coisas construídas coletivamente].
*Para quem não conseguiu ir: aqui vocês conhecem mais o trabalho do Alexandre e todas as pessoas citadas:http://alexandresequeira.blogspot.com.br/
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